www.institutopackter.com.br
 

 

 

 

 

Programa

 

Endereço do

Instituto Packter

 

inscrição

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                  

Semana de Estudos 2016 & Instituto Packter

                     Porto Alegre / Torres , 24 a 30 de julho  -

 

Meu caro colega,

A Semana de Estudos 2016 é essencialmente clínica, prática. Traz exercícios concretos para terapeutas, para consultório.

Iniciará evidenciando localizações existenciais, pontos cegos, o quanto as resultantes, as consequências, os sonhos distantes são parte do passado, do momento, ora mais, ora menos, as medidas, as considerações sobre o dimensionar. Muitos não percebem que em parte importante dos casos a agonia que procuram afastar aos socos é o próprio batimento cardíaco do coração que no peito deles bate em arritmia causada por imensa miopia das obviedades. Há quem confunda sintomas e assuntos de outras dimensões.

Uma das consequências insidiosas é a que segue: o que acontece com algumas pessoas que conhecem os caminhos, estudaram os modos e os contextos, sabem dos cuidados, pesquisaram os desdobramentos, e, ainda assim, imbuídas das promissoras matrizes, facilmente tombam existencialmente diante de problemas mundanos para os quais elas tinham como elaborar e encaminhar uma melhor sorte? O que acontece que logo elas que descortinaram como tratar das questões existenciais, logo elas tão docilmente sucumbem ao que anunciaram saber conhecer e afastar...? Como podem dar um testemunho aparentemente paradoxal diante do que acabaram de afirmar tendo os ouvidos atentos daqueles que acabaram de aprender com elas ali próximos, tão próximos...? Ou isso seria parte do ofício de um terapeuta em muitos casos- "ser infectado pelo vírus que procura combater" - como disse uma médica que estuda a Filosofia Clínica?

Considere um terapeuta que discorre com fluência sobre como lidar com tristezas, perdas, mas facilmente se queda a tristezas e perdas, e outras coisas, e não um quedar-se como escolha, como opção, mas pela coerção. Seria esta tendência um dos motivos  que o levaria a lidar com tais assuntos?

Não são poucos os terapeutas que professam os melhores ensinamentos, parecem erguer voo acima do sol da alvorada, e suas vidas pessoais, íntimas, naufragam em desespero, em angústia, em farsa pessoal. Uma coisa em nada diz respeito a estas outras? Uma coisa justifica por contraste as outras, mesmo quando o discurso nega tais  oscilações? As contradições são as afirmações do caminho? São ressalvas, são os modos de consolidação?

O quanto os parâmetros de bem e de mal, de bom  e de mau, de certo e de errado, entre outros, poderiam atrapalhar os entendimentos de tais assuntos?

Uma das respostas possíveis, promissoras, para quando os caminhos forem instados para outros parâmetros está nos conectivos em analíticas de linguagem, pois em Filosofia Clínica um caminho doloroso, desagradável, não significa necessariamente o pior percurso a ser recomendado.

Assim, a Semana de Estudos 2016 terá como tema central os conectivos, os segmentos historiográficos cujos percursos formam pontes entre situações existenciais e seus endereçamentos. Uma opção para além dos discursos inevitáveis, ordenados pela necessidade.

Explico: como as analíticas de linguagem, em Filosofia Clínica, podem ligar o que você vive neste momento e os anseios e disposições existenciais para um segmento não necessariamente subsequente? Como podemos ultrapassar a fenda do hiato quando for esta a disposição existencial promissora e for essa uma escolha?

Existiriam pontes pelas quais conteúdos poderiam migrar de modo a aproximar alguns dos nossos sonhos promissores mais belos, via pontes e estradas construídas por analíticas de linguagem, sob o compasso da Filosofia Clínica, talvez também o afastar desses horizontes rumo a outros endereços por causa das disposições submodais, tópicas ou categoriais?

Lembro de quando comecei a mostrar os rudimentos das Autogenias. Muitos filósofos, médicos, psicólogos e outros estudiosos se mostravam interessados, compreendiam a dimensão e a importância de tais estudos. Muitos deles, afoitos, ignoravam sem cerimônia os ensinamentos em torno de vizinhanças, sustentação, composição, entre outros, e terminavam por desanimar.

E então eu lhe trago uma crônica final que contei em minhas aulas há anos.

Um homem disse a um pequeno pássaro amistoso:

- Eu tenho um sonho, pequeno pássaro amistoso. Mas do sofrimento onde vivo até o meu sonho belo de horizonte e redenção me faltam as asas.

O pequeno pássaro amistoso, em seu galhinho primaveril, pareceu surpreso; logo em seguida, confuso. Decidiu se afastar. Arqueou as asas, ergueu voo, contornou a árvore. O pobre em sofrimento, lá em baixo, pensava: "eis outro egoísta insensível que alcança os céus e não se importa com gente feito eu...".

Muitos metros acima do chão, o pequeno sentia a brisa, o sol, mirava as campinas verdejantes junto ao mar, e pensava:

- Que criatura mais estranha é aquele pássaro lá embaixo que não voa porque imagina que é um homem...

 

   Meus caros colegas, a cada um de vocês as minhas boas vindas a mais uma Semana de Estudos, o evento mais antigo, mais longo, na Filosofia Clínica. Durante uma semana caminharemos por areais, colinas, conversaremos ao pé da lareira, estudaremos filmes, livros, teremos longas conversas.

  Torres, a acolhedora aldeia na praia, ao norte do Rio Grande do Sul, mais uma vez nos receberá carinhosamente para os nossos estudos.

  A cada um de vocês o meu carinho, a minha gratidão!

  Um grande abraço,

        Lúcio Packter          

     Solar no centrinho de Torres.