A RAZÃO
Santa Maria, 9 de abril de 2006
SEM LIMITAÇÕES DE QUATRO PAREDES
Estudar e analisar a vida da pessoa. Este é o objetivo da Filosofia Clínica.
Você já imaginou ser atendido em uma consulta médica não entre quatro paredes, mas sim em uma biblioteca ou em um jardim, por exemplo, como de uma universidade? Não?
Mas é isto o que está sendo proposto pelos filósofos clínicos, profissionais que estudam a Filosofia acadêmica nas universidades e que está sendo levada a consultórios, hospitais, empresas, igrejas e instituições de um modo em geral.
“É um trabalho que é feito por filósofos formados e também por médicos, psicólogos, que passam por uma pós-graduação em Filosofia Clínica”, explica o fundador da Filosofia Clínica, Lúcio Packter.
A Filosofia Clínica parte basicamente da história de vida da pessoa.
“Você tem uma amiga que costuma quebrar as coisas por onde passa e que por isso é internada e chamada de louca. Mas quando você vai examinar a história dessa pessoa descobre que ela, na verdade, costumava soltar a perna de crianças que ficavam presas debaixo das rodas dos carros em uma ladeira. Então ela não estava quebrando o carro, mas tentando salvar a vida das crianças. Aí de louca ela passa a ser heroína” – explica o especialista salientando que muitos fatores nesta vida, quando fora de contexto, ficam grotescos e não se posse compreender o que se passa.
No entanto, diz o filósofo, quando os acontecimentos são contextualizados, colocados dentro dos dispositivos, com antecedentes, dados atualizados e subseqüentes, aquilo que estava solto, sem pé nem cabeça, ganha sentido e o profissional passa a conhecer como interagir de modo a aliviar, encaminhar, aprofundar ou realizar outro procedimento que a própria clínica determinará.
O atendimento prestado por um filósofo clínico é muito semelhante ao realizado por um médico. A diferença é que não necessita necessariamente ser entre quatro paredes.
“Não há mais aquela limitação do consultório. Isso acabou. Inclusive há atendimento feito pela Internet, pelo sistema de voz”- anuncia Lúcio Packter.
Logo após o primeiro contato o especialista ouve a história de vida da pessoa objetivando entender o que faz com que ela seja como é, e o que está se passando com ela. Ao ouvir, o filósofo clínico saberá se a pessoa é refratária ou não a conselhos.
“Há pessoas que, se você as aconselhar, não apenas não seguiram a orientação como ainda questionarão e se voltarão contra você. Então nós temos de pesquisar se isso é pertinente” – ensina Lúcio Packter.
O final do tratamento com um filósofo clínico é semelhante a uma conversa entre duas pessoas.
“Chega a um ponto em que tudo o que tinha a ser dito já foi falado e não existe muito mais a fazer. No tratamento a pessoa vem com uma queixa, por exemplo, uma depressão. Depois de algum tempo ela mesma se encaminha nisso, isto é, encontra maneiras de lidar com aquilo. É feito um acordo tácito entre amigos que estão conversando”, esclarece Lúcio Packter.
Sem Medicamentos
Segundo Lúcio Packter, o filósofo clínico não pode receitar remédio pois não tem habilitação legal.
“Uma pessoa, quando nos procura, se tem um problema neurológico ou endócrino, é encaminhada ao médico especialista que lhe dará os medicamentos adequados. O filósofo clínico trata de toda a parte existencial e das conseqüências que se originaram na pessoa.”
Como se tornar um filósofo clínico
Para freqüentar o curso o interessado tem que ter algum curso superior. Se não tiver graduação, faz o curso em caráter de extensão universitária.
Para se tornar um filósofo clínico tem que ter a graduação em Filosofia, a pós-graduação em Filosofia Clínica e ser aprovado nos estágios.
Este ano, em Goiânia, acontece o VIII Encontro Nacional de Filosofia Clínica. O próximo Encontro será internacional.
Quem quiser informações sobre o curso de Filosofia Clínica deve ligar para o Instituto Packter pelo telefone (51) 33 30 66 34. O site é www.filosofiaclinica.com.br