JORNAL DO COMMERCIO ( outubro de 1998)
Recife

  "FILÓSOFO ATENDE PACIENTES EM CONSULTÓRIO"

Os filósofos brasileiros estão saindo do ambiente acadêmico e chegando aos consultórios. É a chamada Filosofia Clínica. Há seis anos o professor e filósofo gaúcho Lúcio Packter vem preparando filósofos para atender em consultórios, através de um curso de Especialização em Filosofia Clínica no Instituto Packter, com sede em Porto Alegre.

"A Filosofia Clínica nada mais é do que o direcionamento da Filosofia acadêmica à clínica. É o entendimento da pessoa no meio em que ela vive", explica Packter.

Através de questionamentos, o filósofo leva o paciente a descobrir um encaminhamento para o problema que o levou até lá.

As sessões duram 50 minutos, e acontecem em média em um período de seis a oito meses. As conversas não se limitam ao consultório. Se o paciente quiser, a consulta pode ser em qualquer lugar que ele fique à vontade.

Já existem centenas de filósofos clínicos atuando no país. O curso de Especialização ainda não foi reconhecido pelo Ministério da Educação, mas só pode ser feito por filósofos formados.

Em Pernambuco, o Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco está estudando a possibilidade de trazer o curso no próximo ano.

Aos poucos, o curso de Filosofia está sendo "descoberto" pelos estudantes que vão fazer vestibular. Nos últimos quatro anos o curso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) teve uma média de dois candidatos por vaga. Este ano, a concorrência passou para cinco pessoas por vaga. Além da UFPE, a Universidade Católica de Pernambuco também oferece Filosofia.

Para seguir a carreira de filósofo, o estudante precisa gostar de ler e de estudar, já que toda a fundamentação da ciência é feita a partir de outros pensadores.

"Além do gosto pela leitura, o jovem deve ter habilidade para escrever. A curiosidade também é fundamental", comenta o chefe do Departamento de Filosofia da UFPE, Inácio Strieder.