O Estadão

Porto Velho, novembro de 2004

Filosofia clínica é adotada em tratamento de doenças

 

 Um novo método de fazer terapia começa a ser difundido em Porto Velho. Trata-se da Filosofia Clínica. O sistematizador dessa filosofia, o professor Lúcio Packter, esteve na capital ministrando um curso de extensão para os filósofos locais que buscam maiores conhecimentos sobre essa filosofia, que é aplicada, inclusive, na medicina.


A Filosofia Clínica, segundo Packter, se define como o uso do conhecimento filosófico direcionado à psicoterapia, a atividade filosófica aplicada à terapia do indivíduo. A terapêutica realizada pela filosofia clínica não se vale de medicamentos, de conceitos e procedimentos psicanalíticos ou das mais recentes orientações de cunho místico-corporal. Essa terapia se utiliza do pressuposto de que noções filosóficas aplicadas ao diálogo entre o filósofo e o “paciente” são clínicas na medida em que este passa a vivenciar uma nova maneira de pensar em si mesmo.


De acordo com o filósofo, a Filosofia Clínica segue os mesmos métodos da filosofia ensinada na Academia. “Essa filosofia é apenas a continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido há séculos pelos filósofos que nos antecederam”, disse.
Para se tornar um filósofo clínico, é necessário, no mínimo seis anos de estudos. Inicialmente passa-se pela graduação em Filosofia para depois fazer a pós-graduação em Filosofia Clínica. “O médico que quiser se especializar nessa filosofia pode fazer a pós-graduação. Ele não será um filósofo clínico, mas um médico especialista em Filosofia Clínica”, explicou.

TRATAMENTO


O professor Lúcio Packter explicou que para a Filosofia Clínica, ao contrário da Psicologia, não há conceito de doença. “O filósofo clínico cuida da parte existencial do paciente”, disse. Ele citou como exemplo o caso de um paciente com câncer que tem dúvida em tirar a própria vida ou continuar vivendo com a doença. “Inicialmente será avaliada toda a historicidade do paciente para em seguida ser investigada a estrutura do pensamento- como emoções, o que ele acha de si mesmo. Com esses dados o filósofo indica os procedimentos clínicos”, afirma. Segundo o filósofo, esses procedimentos podem ser muito mais simples do que ficar internado ou tomar “uma porção de medicamentos”.