Folha do Estado

Cuiabá, quarta-feira, 22 de Junho de 2005.
 

                                    Filosofia Clínica em discussão

Assim como cada pessoa vive as coisas de um único modo, o filósofo Lúcio Packter usa seus conhecimentos associados a um método fundamental de terapia pessoal, chamado de “Filosofia Clínica”. Este método propõe estudar e traçar toda a história da vida da pessoa, para ordená-la e achar as soluções que quebrem os choques provocados pelos princípios pessoais, que causam, por exemplo, angústias e depressões.

Não se trata de saber se a idéia da pessoa está certa ou errada. A primeira lição fundamental na Filosofia Clínica é que aquilo que se sente, vive, afirma, imagina, faz – isso é assim para ela - , independente de ser compartilhado com as outras pessoas, de ser aceito, criticado, ironizado, proibido e assim por diante. Cada um é “a medida de todas as coisas”, tal como disse o filósofo Protágoras. Sendo assim, seu conceito se encaixa ao modo de agir e pensar das pessoas quando citam jargões de que “o mundo é dos espertos”; “rico é ladrão”; “aqui se faz, aqui se paga”; “mulher é tudo igual”; “homem não presta” e por aí segue. E assim conclui o pensamento de Protágoras de que essa maneira de pensar é assim para as pessoas que dizem isso – “porque elas são a medida de todas as coisas que dizem respeito a elas”.

                                                                               

                                                                            filósofo clínico Lúcio Packter

Curso

No dia 13 de agosto, o médico e filósofo Lúcio Packter desenvolverá pela primeira vez o “Curso de Filosofia Clínica” em Cuiabá, para médicos, psicólogos, filósofos, pedagogos e interessados.

O curso será quinzenal, por 18 meses, e terá suporte dos filósofos clínicos Arildo Marconatto e  Pe. João Carlos Minotto, que se formaram no Mato Grosso do Sul, Campo Grande,  com Lúcio Packter. Cuiabá é uma das únicas cidades e uma das poucas capitais, contando com Acre, que não têm o curso. Serão trabalhados, além da teoria, 30 tópicos em questionamento aos alunos, que vão desde como o mundo parece, o que a pessoa acha de si mesma, aspectos sensoriais e abstratos, as emoções e pré-juízos, entre outros.

O livro

O estudo de Lúcio Packter rendeu a produção de um livro, que está disponível no endereço eletrônico www.filosofiaclinica.com.br , pela editora Guarapuvu, de Florianópolis.

“Uma parte do livro foi escrita no pequeno computador pessoal em saguões de aeroportos, restaurantes, quartos de hotel, em cada tempo que consegui no espaço de um mês, enquanto viajava por mais de dez mil quilômetros pelo Brasil, preparando aulas, dando palestras, entrevistas e abrindo novas turmas de Filosofia Clínica. Não muito diferente da maneira como foram escritos os cadernos clínicos. Depois viajei ao sul de Santa Catarina, casa de meus pais, e o terminei”, disse Lúcio Packter

O livro não é um tratado. É uma ilustração sobre o que é e sobre o que faz a Filosofia Clínica. Ele foi escrito para o estudante de filosofia, o psicanalista, o psicólogo, o médico, também ao interessado em filosofia, ao pesquisador de humanas.

Em 1994 Lúcio Packter abriu o Instituto Packter (o nome é uma homenagem ao avô paterno), em Porto Alegre, e suas pesquisas já eram informalmente conhecidas e comentadas. Posteriormente, após o primeiro curso, os filósofos clínicos se uniram, formaram centros em cidades brasileiras, e muitos se especializaram em Filosofia Clínica para crianças, para obesos, adolescentes, grupos, consultoria a empresas, levaram a clínica filosófica a colégios, faculdades e outros.

Serviço

Mais informações pelo telefone 9622-6253, com Arildo Marconatto.

Autor: Beatriz Saturnino

Fonte da Matéria: Especial para Folha do Estado